1-Que balanço faz da temporada de 2012?
A época de 2012 ficou marcada pela minha estreia a nível internacional com a entrada na WRC Academy, o que só por si me deixou muito satisfeito. Obviamente que nem tudo correu na perfeição, mas tendo em conta a oportunidade e as condições que tive, dei sempre o meu melhor e aprendi imenso.
2-Competir em 2 campeonatos tão distintos como o CPR 2L e a WRC Academy. Que diferenças encontra entre as 2 competições?
São campeonatos muito diferentes, ainda que igualmente limitados a viaturas de duas rodas motrizes. A WRC Academy é uma espécie de troféu monomarca internacional, onde partilhamos a mesma estrutura técnica com todos os pilotos e temos acesso a carros e materiais equivalentes. Paralelamente temos formação em diversas áreas que são importantes nos ralis, o que nos ajuda imenso. É uma mais valia na nossa evolução rumo ao topo dos ralis. As provas são de uma dureza extrema, com mais do dobro dos quilómetros do CPR2, mas com reconhecimentos e testes muito mais limitados. Já o CPR2 é um campeonato com provas bastante mais curtas, disputadas intensamente também, mas menos exigentes por natureza. Os ralis são disputados com um carro e equipa à nossa escolha e actualmente apenas contra pilotos nacionais. Bem diferente é a WRC Academy, onde se concentram quase exclusivamente os melhores jovens pilotos de cada país.
3-Torna-se mais aliciante para si competir contra os melhores pilotos portugueses no CPR ou competir na WRC Academy contra jovens pilotos em condições iguais e carros semelhantes?
São ambos projectos muito aliciantes, se em ambos os casos tivermos condições equivalentes para competir abertamente contra os melhores pilotos de cada campeonato. Ainda não tive a oportunidade de competir com condições iguais contra os melhores pilotos do CPR, mas é um dos meus objectivos no futuro. Já a aposta na WRC Academy deu-se numa fase onde eu procurava continuar a aprender e a evoluir de acordo com as minhas possibilidades, e que é consequência de ter explorado ao máximo todos os recursos ao meu dispor em Portugal, que como sabem culminou com a conquista dos títulos das duas rodas motrizes, quer na Madeira, quer a nível nacional, aos comandos do Renault Clio R3.
4-Quais o ponto alto e o ponto baixo da tua época 2012?
Olhando para trás houve muitos momentos difíceis e marcantes, mas consegui sempre superá-los. Considero o abandono a meio da época o ponto mais baixo, pois apesar de valor do projecto e da minha evolução não consegui reunir condições para mantê-lo na actual conjuntura económica e social. Já o ponto mais alto, acho que foram todos os momentos vividos com intensidade e paixão nesta aventura, como muita energia e motivação para dar o melhor. Também destaco todas as lições aprendidas ao longo do ano, quer como piloto, quer como pessoa.
5-Se tivesse de destacar um rali nacional e um rali mundial, quais destacaria?
Vou destacar um 2 em 1, ou seja, o Rali de Portugal. É uma prova espectacular, muito dura e muito aliciante desportivamente. A organização é fora de série, e o mediatismo e interesse que envolve a prova, com a presença de milhares e milhares de adeptos em todo o lado, faz-nos sentir emocionados pela paixão que se vive em torno deste desporto. O mesmo se repete no Rali Vinho da Madeira e no Sata Rallye Açores, mas com outra escala naturalmente.
6-Projetos para 2013?
Vou competir no campeonato da Madeira novamente, após uma ausência de 2 anos. É o regressas às origens, numa altura em que a contenção de custos é vital, e os nossos sonhos são condicionados pela conjuntura económica. Contudo estou muito motivado pela aceitação que o meu projecto está a ter na Madeira, o que significa que o meu regresso era aguardado por todos aqueles que me viram crescer como pessoa e piloto. Quero também aproveitar para promover e justificar ao máximo o investimento dos meus patrocinadores, todos eles madeirenses, esperando por uma melhor oportunidade para continuar a representar a Madeira e Portugal a nível internacional.
7-Como vê a nova regulamentação para os ralis nacionais com a junção do CPR e do Open? Acha que pode ser uma solução para o renascimento da modalidade?
Claramente que não há espaço para dois campeonatos nacionais em Portugal. Não pode haver um campeonato nacional de primeira divisão e um de segunda divisão. Para mim era essencial promover o CPR como o maior e o mais importante campeonato em Portugal, e depois promover paralelamente os diversos campeonatos regionais que serviriam de embrionário de pilotos para o CPR. Seguindo o mesmo raciocínio, que por vezes é ignorado, o CPR devia ser a par com os restantes campeonatos nacionais dos outros países a rampa de lançamento para o campeonato da Europa e consequentemente do mundo. Só assim se poderá fazer bom desporto em Portugal, caso contrário não. Também acho que devia haver uma clara distinção entre os pilotos que se querem submeter às mais duras e exigentes regras da competição, com o objectivo de se tornarem “olímpicos”, daqueles que apenas querem praticar este desporto pelo puro prazer da condução e do entusiasmo natural de um fim-de-semana de corridas. Só assim será justo para todos os envolvidos neste desporto, pois o futuro de uns não deve condicionar o futuro dos outros, e não deve haver vergonha em aceitar a nossa condição enquanto atletas. Considero também que há lugar para uma classe turística nos ralis regionais e mesmo nacionais, onde os preços seriam mais baixos, as exigência menores a todos os níveis, permitindo a entrada e permanência de diversos pilotos com menos recursos e/ou motivações, e que naturalmente possibilitaria o surgimento de novos valores para o escalão mais exigente da competição.
8-Para terminar, quer deixar alguma mensagem ou agradecimento em especial?
Quero aproveitar para agradecer a todos aqueles que sempre me têm apoiado das mais variadas formas, e a todos os meus patrocinadores, na pessoa do meu pai, pois sem ele, e sem os muitos outros pais deste país, podem crer que não haveria renovação de atletas nem futuro para os ralis.
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