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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

À CONVERSA COM ALEXANDRE FRANCO

Aproveitando a habitual pausa de Verão nas competições nacionais, Alexandre Franco, actual líder do Campeonato Nacional de Todo Terreno na Categoria T2 fala-nos sobre a sua carreira, sobre a participação da sua equipa no campeonato e sobre os planos para a restante temporada.

A tua carreira começou nos ralis, já lá vão praticamente duas décadas. O que te levou a regressar e logo no Todo o Terreno, depois de tanto tempo de ausência?
“É verdade! Passaram mais de vinte anos sem me sentar num carro de corrida após três anos nos  ralis  ‘piratas’  da  altura.  Tinha  pouco  mais  de  dezoito  anos  e  a  minha  vida  profissional, pelo  facto  de  ter andado  cerca  de  dez anos  pela Europa  fora,  tiraram-me a  possibilidade  de continuar, contundo nunca perdi o gosto pelos automóveis e fui sempre seguindo o nosso Rali de  Portugal,  procurando  também  manter-me  sempre  informado  sobre  o  que  se  passava  ao nível do Desporto Motorizado, até que um dia o meu primo Nuno Tordo e o meu grande amigo Rui Sousa me convidaram para integrar a sua equipa para Fronteira. Com essa presença veio o aguçar da vontade de voltar a competir! Fascinou-me a versatilidade dos jipes, pois passados vinte anos encontrei verdadeiros carros de corrida”.

Quais foram as principais dificuldades que encontraste quando ingressaste no TT?
“No  Todo-o-Terreno  temos  que  equilibrar  uma  série  de  factores  ao  mesmo  tempo  para  ser competitivos.  Obrigatoriamente  temos  que  ser  rápidos  e  eficazes,  mas  ao  mesmo  tempo temos  que  gerir  muito  bem  a  mecânica,  uma  vez  que  a  dureza  das  provas  e  também  a extensão  das  mesmas  pode  provocar  a  nossa  desistência.  É  bem  diferente  dos  ralis  onde apostamos  tudo num  troço de vinte quilómetros. Aqui  temos  trezentos e por vezes até mais sem assistência, onde  tudo pode acontecer. É difícil ser  rápido e depois manter essa  rapidez sem quebras durante quatro ou cinco horas, assim como lidar com a preocupação de defender também o carro. Outra questão fundamental é a nossa condição física, pois sem ela podemos até começar bem, mas depois não conseguimos manter esse ritmo ao longo da prova”.

Depois de obteres o Vice-Campeonato T2 em 2013, o que te levou a renovar a aposta na Nissan Navara, apesar de não ser a viatura mais competitiva da categoria?
“A  Nissan  tem  sido  uma  excelente  aposta,  apesar  de  não  ter  a  competitividade  das  Isuzu ou  dos  Mitsubishi.  É  um  carro  muito  fiável  com  o  qual  terminámos  todas  as  provas  que disputámos,  onze!  Por  isso  tem  sido  um  carro  que  nos  permitiu  evoluir  bastante,  embora já  sinta  a  necessidade  de  uma  máquina  mais  competitiva.  A  nossa  Nissan  no  entanto  tem desempenhado um excelente papel, pois já a conseguimos colocar no quarto posto absoluto do Campeonato Nacional de Todo o Terreno do ano passado,  sendo  também essa a posição que temos actualmente. Que mais podemos dizer!”

Para além de renovares a aposta na Nissan, a mesma continua sob os cuidados da Prolama...
“Como se diz na gíria, ‘em equipa que ganha não se mexe!’. A Nissan tem tido um desempenho excelente  também  pelo  muito  trabalho  desenvolvido  pela  Prolama  Competição.  Esse trabalho  não  se  resume  apenas  á  nossa  Nissan,  pois  também  nós  temos  aprendido  muito com  eles.  Temos  tirado  partido  da  experiência  que  acumularam  ao  longo  de  muitos  anos de  todo  o  terreno.  No  passado  dizia-se  que  o  Todo  o  Terreno  não  estava  tão  virado  para pilotos  rápidos,  mas  sim  inteligentes.  Eu  tenho  uma  opinião  diferente.  O  TT  é  para  pilotos rápidos e inteligentes! Claro que é nessa rapidez que tudo pode acontecer. Para ganhar esse equilíbrio, são fundamentais todos os ensinamentos de quem já ganhou tanto como é o caso da Prolama”.
Qual foi o melhor momento da temporada passada?
“A temporada passada foi sem dúvida a concretização de muitos sonhos. Conseguimos logo no nosso primeiro ano completo ser Vice-Campeões de T2 e  terminar no quarto posto absoluto no  Nacional  de Todo  o  Terreno.  Foi  um  ano  fantástico  onde  fomos  muito  felizes  em  vários momentos, como  foram os casos das provas de Idanha-a-Nova em que conseguimos o nosso primeiro pódio absoluto e de Portalegre onde vencemos no T2 e  fomos ao pódio da Taça do Mundo”.

E qual foi o momento menos bom?
“O  menos  bom  foi  sem  dúvida  quando  em  Alcoutim  com  mais  de  quarenta  graus  que  se faziam  sentir,  desidratei  a  meio  da  prova,  levando-me  mesmo  a  um  desmaio  momentâneo. Depois seguimos e ainda conseguimos terminar em segundo no T2, mas foi sem dúvida muito doloroso”.

Este ano lideras o Campeonato após 3 provas. A equipa está mais forte para poder chegar ao título do T2 este ano?
“A equipa está muito motivada e vamos tentar não desiludir ninguém, contudo, ainda faltam muitos quilómetros de corrida até  final e muita coisa pode acontecer, embora  seja evidente que é um objectivo bem claro e que queremos alcançar”.

Das quatro provas que faltam, duas são totalmente novas. É bom ter novas provas no campeonato?
“Gosto muito disso. Encontrar provas totalmente novas acho que vão nivelar muito as coisas, pois  será igual  para  todos e  nós  costumamos  funcionar  bem em  terreno  desconhecido,  pelo que acho que vai ser ainda mais divertido”.
Para esta segunda metade do campeonato vão existir novidades no carro?
“Com  o  facto  de  estarmos  na  liderança  do  Campeonato,  as  preocupações  com  o  carro  são ainda maiores, contudo não há muito a fazer para além do que temos feito, que é apostar em garantir a fiabilidade. Essa é a nossa principal preocupação”.

Outra aposta parece ser a Taça Ibérica. Com duas provas realizadas, qual é o objectivo?
“A Taça Ibérica não estava nos nossos planos inicialmente, até que o resultado em Reguengos nos  levou  a  fazer  contas...e  três  dias  depois  da  prova  estávamos  a  caminho  de  Espanha, onde  felizmente  conseguimos  outro  bom  resultado.  Agora  faltam  duas  corridas  para  o  fim e  o  objectivo  passa  por  tentarmos  ser  Campeões  Ibéricos  ao  nível  absoluto,  uma  vez  que não existe  campeonato  para  os T2.  Parece-nos  um  objectivo  bastante arrojado, mas  parece-me  que  é  atingível  e  se  eventualmente  no  final  do  ano  conseguíssemos  vencer  nas  duas competições,  seria  excelente  para  a  Scuderia  Goldentrans/DURA.  É  a  prenda  de  Natal  que gostaria de lhes oferecer”.

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