O Rali Vila Medieval de Ourém vai ficar para sempre directamente ligado à minha história. Pelos acontecimentos de um passado recente que toda a que me rodeia conhece, esta prova ficará para sempre marcada na minha memória.
A primeira edição deste rali foi aquela que me levou a viver alguns momentos bastante difíceis mas ao mesmo tempo foram esses momentos que me "deram asas" para sonhar mais alto. Alguns perguntaram-me o porquê da escolha deste rali para estreia: neste rali já sofri, já passei por maus momentos, talvez um dos piores da minha vida, mas posso garantir que foi o acidente e a dificuldade em voltar a navegar que me fez optar pelo volante. Tinha de voltar a Ourém! E se bem o pensei, melhor o fiz!
Uma semana de noites mal dormidas e muita ansiedade depois, eis que chegamos ao dia 24 de Março de 2018, dia da minha estreia ao volante do Nissan Micra no Rali Vila Medieval de Ourém.
Chegada àquela simpática e acolhedora vila, mal sabia o que me esperava. Enquanto o meu "chefe de equipa" tratava das verificações, eu e a minha navegadora, também ela estreante, partíamos para a aventura dos reconhecimentos. Com um percalço ou outro, voltamos ao Centro de Negócios, "quartel general" da prova, sabendo que ficou algo por treinar, mas simplesmente já não tínhamos mais tempo para o fazer.
Quase sem darmos conta, já estávamos prontas para arrancar do parque fechado e aí sim, começou a verdadeira aventura. Primeira passagem no troço do Castelo, uma classificativa bastante técnica e muito espectacular, a exigir bastante dos "ases do volante", ainda mais por se disputar de noite (imaginem então para uma dupla estreante!). Com bastantes cautelas lá percorremos os cerca de 4 quilómetros sem grandes problemas e chegamos direitas ao reagrupamento. Estava feita a estreia. Euforia contida, muita diversão e adrenalina e um sentimento de satisfação interior bastante forte.
Enquanto ganhávamos coragem para a segunda passagem, agora com o bónus extra de ser acompanhada pela chuva, fui surpreendida.
Achava que era uma homenagem do clube organizador e da empenhada equipa liderada pelo Ricardo Capitão pelo meu regresso a Ourém, mas não! Deixando por momentos o papel de chefe de equipa, o meu namorado estava naquele momento a pedir-me em casamento. Abraços, emoção, flores, um SIM em tom baixo, que quase me esqueci que estava num rali.
Ainda mal recomposta das emoções, arrancamos para a segunda passagem: com chuva, com os meus óculos a não deixarem ver devido à agua, com o esquecimento de ligar as luzes, ainda apanhamos um carro atrasado o qual tivemos dificuldades na ultrapassagem, um péssimo tempo efectuado na pec. Mas o que importa? Afinal tinha sido pedida em casamento!!!
Era hora de descansar, e no dia seguinte tínhamos mais um desafio pela frente. Troços com muitos quilómetros, inexperiência de piloto e navegadora, e para "ajudar", a ordem de partida era pela classificação da 1ª etapa, ou seja, atrás de nós partiam concorrentes rápidos que tinham desistido no dia anterior. Sabíamos então que teríamos de ir com mais cautela e sem esquecer os retrovisores, pois a probabilidade de sermos apanhadas era enorme.
E assim foi! Nas 4 passagens fomos apanhadas, encostamos e ainda levamos uma "pancada" por trás de um piloto que seguia atrás de nós. Curvas muito sujas, troços que nunca mais acabavam, mas cumprimos o objectivo de chegar à super especial com o carro direito, ou quase não fosse o piloto de trás mandar outra pancada já na fila do controle de entrada para a super especial por distracção. Estava a correr na perfeição!
Chegamos à super especial e prometi que ia a 20km/h porque estava a um passo de terminar. Não fui muito mais rápido, mas eu e a Sofia naquela super especial divertimo-nos à grande! Carro em parque fechado e terminamos o nosso primeiro rali.
Foi um misto de emoções enorme, chorei de alegria e ansiedade, sorri de satisfação, senti-me agradecida todo o caminho. Afinal, regressei ao desporto de que tanto gosto, fiz esse regresso num rali marcante e que já o era antes e concretizei o meu grande sonho! Foi um daqueles momentos em que nos percorrem tantas palavras pela mente que nem uma conseguimos articular...
Agora, passada quase uma semana e bastante mais calma, resta-me agradecer ao meu noivo que me emprestou o carro e me deu assistência, e também por todo o apoio que ele e a minha família me dão, aos amigos e patrocinadores uma palavra de enorme agradecimento, ao Olival Motorizado pela recepção calorosa! E sem esquecer um agradecimento à minha navegadora Sofia que esteve impecável nesta sua estreia incentivando e ajudando-me ao longo de todo o rali.
Para terminar, o último agradecimento vai para os ralis, por juntarem todos os que mencionei anteriormente e me fazerem tão feliz.
Até ao Rali de Santo Tirso!
*por Diana Soares - piloto de ralis
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