Infelizmente por diferentes motivos, Ricardo Gomes está “na berlinda” isso pelo diferentes azares que o têm afectado no decorrer deste ano no Campeonato Nacional de Montanha. Assim procuramos saber pelo simpático piloto de Braga, o que na realidade se está a passar.
Por isso a primeira questão que colocamos ao nosso entrevistado de hoje, quais as razões da opção pelo Seat Leon Super Copa, e não por outro carro para o Nacional de Montanha, o que depois de meditar um pouco disse-nos logo “O Seat Leon Supercopa afigurou-se, desde muito cedo, um carro extraordinariamente fiável e versátil. Fizemos algumas análises ao carro, nomeadamente vimos e estudamos muito do seu comportamento em troféu Seat e falamos com alguns pilotos e equipas que nele participaram e que conheciam muito bem o carro e as suas características, para que nos fosse possível fazer uma opção acertada. Outro dos factores que pesou na decisão da escolha do Seat Leon Supercopa foi o Artur Bastos, o nosso preparador da Vettra Motorsport, que conhece muito bem o carro, pois já trabalhou nestes carros no tempo do troféu, à época com os pilotos Lourenço Beirão da Veiga e com o Duarte Félix da Costa.”
Uma comparação entre os dois Seat Leon que conduziu na época passada e nesta, e qual destes dois modelos do construtor espanhol tolera mais erros. Por ultimo também quisemos saber qual deles é mais fácil de se ir buscar nos limites, o que sem pensar muito replicou logo “Terei sempre de fazer um termo de comparação relativo, pois são dois carros com características bastante diferentes. Do peso, da potência, da caixa, do processo de transferência de massas, entre outros inúmeros factores, conduzir o Seat Leon MK1 (Copa) e o Seat Leon MK2 (SuperCopa) é um exercício muito diferente. Ambos são carros muito bem conseguidos, fiáveis, imponentes e rápidos. Obviamente que o MK1 admite mais erros e por conseguinte, por vezes, isso leva-te a arriscar mais ao volante desse primeiro modelo do troféu. Já o SuperCopa, admito, é um carro que não admite muitos erros. É na relação que o piloto é obrigado a estabelecer com a caixa DSG que está o segredo da condução do MK2. É um carro rápido, com um comportamento espantoso. Curva, trava, sai com binário das curvas e é, na essência, um carro muito bem conseguido e equilibrado por parte da Seat Sport. O segredo deste modelo para uma condução rápida está no binómio caixa/motor. O delay temporal inerente à caixa DGS, que contrariamente a uma caixa sequencial só efectiva as reduções dentro de determinados parâmetros, nomeadamente ao nível da rotação do motor obriga a um entendimento e leitura muito própria do carro.”
Sobre os acontecimentos que esta época têm surgido, quisemos saber exactamente o que se passou na rampa de santa Marta, o que logo Ricardo Gomes prontamente explicou “Duas infelicidades distintas que, por coincidência, ocorrem no mesmo local, a dois colegas da mesma equipa. Quando cumpria a minha terceira subida de prova, na Rampa de Santa Marta de Penaguião, entrei demasiado rápido numa das curvas direitas do percurso e acabei por dar um toque com o lado esquerdo frontal do meu carro, o que acabou por lhe danificar a direcção. Como não conseguia concluir a prova naquelas condições decidi encostar o carro uns metros mais à frente, num local onde existia uma escapatória, para não prejudicar a prova ao meu colega de equipa, que partia atrás de mim, bem como a todos os outros pilotos que o sucediam. Após isso o meu colega de equipa, o José Correia, no mesmo local onde eu me encontrava parado acaba por se despistar e embater violentamente, acabando mesmo por capotar o carro. Duas infelicidades no mesmo local.”
Mudando de assunto, e falando do actual Campeonato Nacional de Montanha, quisemos saber junto de Ricardo Gomes, o que pensa sob o actual formato do Campeonato, e se é apologista de maior numero de provas “Penso que Campeonato de Montanha é um dos Campeonatos Nacionais com mais potencial de crescimento e de projecção. O seu actual formato parece-me o adequando quanto ao número de provas, apesar de considerar que a calendarização das mesmas terá de ser revista, para que não exista uma concentração excessiva de provas num determinado período temporal, existindo depois períodos muito longos sem qualquer tipo de provas.” Sobre o trabalho desenvolvido pelo promotor acrescentou “Como disse, este é um Campeonato com um potencial enorme sobre vários pontos de vista: desportivo, comunicacional, de promoção e divulgação de marcas, de presença de público, etc… Neste contexto a existência de um promotor do Campeonato é fundamental. Como é fundamental um plano de comunicação e de divulgação, do Campeonato, das provas, dos Municípios que acolhem as Provas, dos pilotos das equipas, das marcas, enfim, um trabalho de fundo que profissionalize, cada vez mais, este Campeonato. “
Para um piloto que faz o campeonato por inteiro, quais as rampas que mais e menos gostas? Porquê?
“É uma pergunta interessante. Cada rampa, cada traçado, é um desafio. É no entanto natural termos, enquanto pilotos, um gosto particular por um determinado traçado. Confesso que a Rampa Internacional da Falperra é a que me apresenta o maior desafio. É um traçado que exige da parte do piloto uma leitura muito própria. Tem muitos segredos e isso é estimulante. É efectivamente, para mim, a prova de que mais gosto. Por outro lado, de forma inversa, a Rampa da Covilhã é a Rampa de que menos aprecio… talvez por ainda não a ter compreendido."
Fala-nos da tua ida a França e da tua participação na prova do Europeu de Montanha. Como foi a experiência?
“Foi uma experiência muito positiva para mim enquanto piloto e penso que para toda a equipa… apesar dos percalços. Tenho uma filosofia que procuro sempre aplicar no desporto automóvel “quando encontrares uma pedra no caminho guarda-a… um dia construirás um Castelo”. Apesar de todas as contingências que lá encontramos, ficamos mais ricos e a experiência de sermos os únicos portugueses a competir naquela prova europeia de Montanha, fora de portas, deu-nos outros conhecimentos. A partilha de experiências com outros pilotos e equipas foi de facto importante. Sei que é ambicioso, mas quiçá o futuro não passe por abraçar um Campeonato Europeu de Montanha?"
Em termos de segurança, achas que as rampas em Portugal que fazem parte do Campeonato de Montanha são seguras?
“Genericamente penso que as Rampas que se realizam em Portugal, pontuáveis para o Campeonato Nacional de Montanha são seguras, pese embora quando falamos em questões de segurança para pilotos e para o público nunca é demais reforçar e investir.”
Em França queixaste-te da falta de segurança, será que nos podes falar um pouco daquilo que viste e sentiste?
“É inevitável fazer uma comparação entre as nossas provas portugueses e a segurança, ou a falta dela, que vimos na prova de St Jean du Gard, a prova francesa do Campeonato Europeu de Montanha que fizemos este ano, e cujas condições de segurança deixavam muito, mas muito a desejar. A inexistência de rails de protecção, a falta de postos de controlo por parte de Comissários, bem como a falta de pontos de socorro rápidos, foram as principais lacunas que detectamos. Penso que existem dois pesos e duas medidas a este nível. Em Portugal a exigência ao nível da segurança das nossas provas é enorme e ainda bem que assim o é. Lá fora as condições e exigências são completamente descuradas. Acho, contudo, que deveremos continuar a ser um exemplo também a este nível.”
Quais os teus patrocinadores “Tenho que agradecer de uma forma muito particular e especial a todos os patrocinadores que permitiram a concretização deste meu projecto desportivo para Campeonato Nacional de Montanha de 2015, pois acreditaram neste projecto e apoiaram-no incondicionalmente. Assim, penso que é obrigatório agradecer individualmente a cada um deles. À LXS WorldWide Group (www.lxsgroup.pt); à JC Group (www.j-correia.com), à Mobil1 Portugal (www.mobilub.pt); à Primavera BSS (www.primaverabss.com); à PDAuto (www.pdauto.pt); à AlfaMind (www.alfamind.com) bem como à minha equipa a Vettra Motorsport."
*texto e fotos: João Raposo - Velocidade Online
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