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segunda-feira, 5 de junho de 2017

MAIS QUE UMA CORRIDA DE AUTOMÓVEIS, UMA VERDADEIRA FESTA DOS RALIS

O Rali de Santo Tirso é um daqueles bons exemplos do que os ralis conseguem ser. Um evento onde toda uma região se envolve transformando por completo durante um fim de semana a normal vida dos cidadãos que, completamente envolvidos pelo espírito dos ralis, conseguem elevar o Rali de Santo Tirso a um patamar de referência.
Para mim, regressar este ano ao Rali de Santo Tirso foi particularmente especial. Cerca de um ano após o desfecho mais triste que alguma vez vivi num rali, era impossível que o regresso a esta fantástica prova não se transformasse num turbilhão de emoções e a vontade de conseguir fazer um bom rali, sem problemas (vontade partilhada pelo meu bravo piloto) e contribuir para esta grandiosa festa que o CAST tão bem sabe montar era inigualável! E este ano num carro tão espectacular quanto o é o Subaru Impreza!

O Rali começou com a belíssima revelação das nossas novas cores. Bem sei que sou suspeito para avaliar, mas caramba... o Subaru ficou mesmo magnifico! E a julgar pelos comentários que aqui e ali fomos recebendo, creio não ser o único a pensar dessa forma.
Sexta feira, início da noite: rali arranca com a dupla passagem pela Super Especial. Um traçado muito interessante mas ao mesmo tempo muito "armadilhado" e onde o mínimo deslize ou abuso se paga muito caro. Sabíamos as cautelas que teríamos de ter e sabíamos que não poderíamos abusar para não deslizar, e foi com esses cuidados que enfrentamos um traçado do qual é impossível não falar no público: que incrível moldura humana! Que ambiente extraordinário se viveu naquela noite tirsense. Esta é uma frase que certamente irei repetir nesta crónica, mas... ralis assim valem a pena!
Sábado pela fresquinha, o rali levava-nos a enfrentar as triplas passagens por Mourinha / Hortal e por Assunção e para nós, a missão era levar o nosso "nipónico" azul e branco até ao fim do rali porque queríamos mesmo desfrutar deste rali. Tínhamos consciência que não partimos para este rali (ainda) com argumentos técnicos que nos permitissem "suar as estupinhas" se tivéssemos a veleidade de querer lutar pelos lugares de topo e por isso, à falta de pulmões no carro, compensamos com a força braçal aplicada em doses certas (leia-se, doses industriais) ao bem popular "serrote". Porquê? Porque o público de Santo Tirso merece!
Era incrível percorrer cada ligação e ver a quantidade de pessoas a "puxarem" por nós! Era incrível ver a quantidade de espectadores nos troços, a cada curva, a cada gancho....principalmente nestes! E assim entramos na prova. Num ritmo rapidinho e muito concentrados em manter sempre a estrada debaixo do carro lá fomos a voar metro após metro, curva após curva. O primeiro troço do dia tinha logo perto do início o conhecido Gancho da Paragem. "Direita 6, mais 100, trava cedo para gancho de esquerda", dizia eu em voz esganiçada, a preparar-me já para o que vinha a seguir. E o que se seguiu foi uma monumental atravessadela com o Subaru a fazer as delícias do meu piloto e (quero acreditar que sim) do público que nos ia incansavelmente incentivando.
Mais uma sequência de curvas encadeadas, novo gancho (este feito com maior ciência e sem recurso à alavanca de emergência) e depois uma secção bastante rápida antes do cruzamento da Pedreira. E eis que novamente entramos em "power slide mode", um daqueles momentos que visto do lado de fora devem ser bonitos, mas visto de dentro são uma loucura mesmo!

Continuando viagem, entramos na secção final do troço, uma secção bastante rápida e técnica a exigir mestria a cada curva, antes de terminar numa forte e complicada travagem para... gancho, claro está! E aqui vamos nós outra vez, porque o público merece e porque ralis assim valem a pena.
A história repetia-se a cada troço por mais duas vezes e, entre derrapagens, piões, algumas curvas feitas a fundo e outras nem tanto, lá íamos superando um desafio que nos estava a saber mesmo bem. Pelo meio ainda houve tempo para vermos aquilo que não gostamos. Felizmente apenas um muro e um Fiat Punto tiveram de ser socorridos (Força Fernando e Isabel, queremos voltar a ver-vos nestas andanças em breve).
Ao ritmo dos ponteiros de um relógio acelerado o rali chegava ao seu termo e nós chegávamos também ao termo do rali, cansados (será que já não temos idade para isto?), mas muito satisfeitos. Recordo com satisfação os mais pequenitos que nos acenavam quando passávamos, recordo os olhares de curiosidade a apreciarem as cores com que o Subaru foi vestido, recordo os muitos braços no ar, as meninas bombeiras de telemóvel apontado a tirar fotos na partida do primeiro troço, recordo o alívio de termos conquistado a nossa meta que era terminar o rali...
Conseguimos! Levamos o Subaru ao final, sem problemas. Arrancamos aplausos, sentimo-nos acarinhados, participamos num evento que, mais que uma corrida de automóveis, é uma verdadeira festa dos ralis! Parabéns CAST, obrigado público. Ralis assim... valem mesmo a pena!

*por Miguel Castro - Navegador da Encontro Team

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