Como alguns de vós saberão, este ano tive a oportunidade de pela primeira vez navegar o Telmo e a experiência foi tão bem sucedida que o homem me voltou a requisitar para a prestação de serviços de navegação em ritmo ligeirinho. “Tens planos para o fim de semana? É que se alinhasses era gajo de ir fazer o Rali da Água” … e alinhei!
Os reconhecimentos decorreram completamente dentro do plano de trabalho, com o processo do “tirar notas” a ser mais uma aprendizagem, especialmente para o meu bravo piloto que mostrou uma notável capacidade de adaptação e mesmo nos locais onde pareciam existir mais dúvidas, acabou por ser uma tarefa simplificada que viria posteriormente a resultar quase em pleno.
Ainda o rali não tinha começado e já o Telmo mostrava aquilo que eu já achava: este jovem é extremamente focado em todos os detalhes, especialmente nos cuidados com a preparação do carro… ou dos carros, pois enquanto elemento da MNE Sport, nunca descura os restantes carros em competição, mesmo estando ele mesmo a competir. Foi um verdadeiro sprint para que na hora da partida da prova estivesse tudo a postos mas juntamente com o Simão, com o José Carlos, com o André, com o João Pedro e com todos os demais que deram uma mão, tudo se organizou para o grande momento.
O primeiro dia de rali era composto por 3 troços bastante distintos: o primeiro (“Transibérico”) muito rápido, maioritariamente em bom piso, com apenas cerca de 6,5 kms; seguiam-se os cerca de 11 kms do “Termas de Chaves”, com bom piso e muito largo e rápido no início, para passar depois a uma estrada bastante estreita e com muita sujidade, antes da secção final, em estrada mais larga com descidas acentuadas e travagens muito fortes sempre em cima de imensa sujidade; e para terminar o dia, a classificativa do “Alto Tâmega” com 10 kms disputados em estradas maioritariamente largas intercaladas com alguns pontos de “calceta” e muita sujidade, imensa, em quase todas as curvas… isto tudo feito já em plena escuridão da noite.
Como esta foi a estreia absoluta do Telmo no Kia Picanto, a estratégia passava por tentar ir percebendo o carro na fase inicial e depois tentar progressivamente aumentar o ritmo consoante a confiança que sentíssemos. E assim entramos no rali.
Montamos uma calandra tipo kit Car, concentramo-nos tipo Latvala e entramos com uma vontade tipo Ogier… mas a realidade fez-nos ver que somos uns amadores, tipo nós mesmos!
O troço apresentava imensa sujidade e nas zonas que atravessavam floresta, estava mesmo escuro como breu. A calandra coitadita… fez o que pôde e que não foi muito e por vezes não era fácil saber onde estávamos, mas como continuava a haver estrada por baixo do Kia, só tínhamos que aguentar. Mesmo na última curva mais um enorme calafrio daqueles em que por momentos a estrada saí debaixo do carro, mas o Telmo resolveu como um mestre e saímos dali “de fininho”, sem fazer barulho para ninguém ver… até pareceu que foi de propósito!
Os nossos companheiros de aventura Rafael / José e Francisco Paulo, também haviam superado com sucesso estre primeiro dia de rali, deixando toda a MNE Sport com um sorriso no rosto.
O segundo e mais longo dia de rali começou bem cedo. 6 provas especiais de classificação (entre as quais os “temíveis” 15780 metros de Verin feitos por duas vezes, um troço brutal de início ao fim, para mim o melhor de todo rali) e uma City Stage para encerramento da festa, era assim o menu do sábado, um dia que prometia muito exercício para o nosso pequeno e atrevido Kia Picanto.
Arrancamos para “Verin 1” e o carrito já parecia estar com melhor respiração. A bom ritmo cumprimos o troço e neste posso afirmar que já viemos “a curtir”, a desfrutar. Bela classificativa, já nos deu maior gozo e permitiu explorar um pouco melhor o Kia. Agora eu sentia que o meu bravo piloto já começava a entender “as manhas” ao carro e a jogar com isso para tirar o melhor proveito possível.
A secção da tarde era uma repetição dos troços da manhã e estávamos curiosos para ver como se ia comportar o carro naquelas subidas intermináveis do “Eurocidade”, a primeira pec da tarde.
Voamos baixinho, o Kia tirou as rodas do chão e o Telmo tratou de as voltar a pousar com mestria (guias muito, rapaz!!), derrapamos, levantamos poeira, cortamos como fazem os grandes, usamos a estrada toda e concluímos o troço com um enorme sorriso de satisfação. Que belíssima classificativa acabamos de fazer, brutal! Tão brutal que passo a falar dos números: terceiro mais rápido de todos os Kia, a apenas 1,2 segundos do mais rápido. Passamos de meio minuto de diferença para 1 segundo e uns “cagagésimos” - Que atrevimento!!. Se isto não é evolução, então não sei o que é! Espetacular, piloto bravo!
Agora chego àquela parte em que pareço as estrelas de Hollywood na cerimónia dos Oscares: Quero agradecer em primeiro lugar ao Telmo Costa pelo convite e por acreditar que o posso ajudar a evoluir. Telmo, és um pilotaço, guias como o raio! Mas admiro-te pela tua ponderação, o foco, todo o esforço e trabalho que desenvolves, sempre atento aos detalhes antes e durante os ralis. Não é só talento para o volante. Bravo!!
Os agradecimentos são obviamente extensíveis a todos os patrocinadores que permitiram estar neste rali, bem como ao público em geral, a todos quantos nos foram dando palavras de apoio e incentivo.
E para terminar, uma palavra de apreço ao CAMI pois montaram um rali espetacular, com troços magníficos dos quais tirei um imenso gozo! Correr em sítios destes vale bem a pena…
Agora, uma pequena pausa de alguns dias e, para não desabituar, em breve estarei novamente no lugar que me faz feliz: o banco do pendura!
Bons ralis, até breve…
Muito bem, Miguel. Viajei pelos troços e pela tua escrita. Parabéns a toda a equipa pelos resultados alcançados.
ResponderEliminarParabéns. Mais uma crónica fantástica como já nos habituaste. Éeee 🙂
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