Brincadeiras à parte, começo por dizer que foi ótimo regressar às quase origens, ou seja, ao banco direto daquele que é possivelmente o maior responsável pelos meus recém cumpridos 10 anos de carreira. Sem desprimor para qualquer um dos outros pilotos que tive a honra de acompanhar, a verdade é que foi com o Cláudio Ornelas que partilhei o maior número de quilómetros e o maior número de épocas, pelo que estar num rali com ele e ajuda-lo a realizar uma boa prova é para mim sempre um gosto enorme. E voltou a sê-lo este fim de semana em Penafiel.
Mas vamos ao que me trouxe a estas palavras: o Rali de Penafiel – Taça Joaquim Santos. Como referi acima, voltei a navegar o Cláudio Ornelas e desta vez a bordo de um irreverente Kia Picanto, do qual irei falar daqui a pouco. Poderia aqui escrever muita coisa, poderia inventar que se atravessou um caracol na estrada e o piloto, como bom defensor dos animais que é, parou para ele passar e lá se foram 4 minutos, ou poderia dizer que foi um rali cheio de peripécias, com enganos nas notas e piões nas classificativas. Mas não. Foi um rali tranquilo e sem muita história, mas uma boa experiência para juntar ao currículo.
O rali, composto por uma “City Stage” com dupla passagem, por uma classificativa noturna (à moda antiga, que eu adoro) e mais dois troços percorridos ambos por duas vezes, apresentou-se como um magnifico desafio. Traçado rápido, técnico, de muita condução, a exigir bastante de homens e máquinas, mas um traçado daqueles em que chegamos ao final de sorrisos rasgados porque são verdadeiramente espetaculares!
Pessoalmente apenas tinha experimentado o Kia num pequeno teste e estava bastante curioso de perceber do que era capaz aquela pequena máquina da qual todos dizem bem e que, com toda a certeza o piloto tem vindo a explorar e a saborear pelo excelente gozo que proporciona.
Curva após curva, aos poucos foi crescendo a confiança e aos poucos eu ia percebendo finalmente do que é que se falava quando se falava tão bem do Kia. Um carro discreto, com um pequeno motor de 3 cilindros, mas que é capaz de se tornar bem rápido quando é bem explorado. Começava a gostar “daquilo” eu…
A classificativa, essa, era um desafio constante com a sua mistura de curvas rápidas, topos “cegos” (bem, de noite tudo é cego), e sequencias encadeadas que mal deixavam espaço para respirar, o que para mim era motivador – não é todos os dias que podemos ditar notas nestas condições, e é bastante desafiante fazê-lo, tentando não falhar. E sem qualquer problema, demos por concluída a primeira etapa, estava superada a fase noturna.
O segundo dia, quente “como se não houvesse amanhã”, fazia-nos adivinhar maiores dificuldades para ultrapassar as 4 classificativas (dupla passagem por “Capela” e “Rio de Moinhos”), não só pelas temperaturas no interior do carro, ajudadas pela quantidade industrial de roupas e equipamentos que levamos, mas também porque os travões e os pneus iriam sofrer imenso e isso com certeza se iria refletir na nossa prova. E refletiu um pouco!
Seguia-se a primeira passagem por “Rio de Moinhos”. E que troço este! Na ligação decidimos alterar a pressão dos pneus e essa aposta revelou-se uma boa aposta. O comportamento do carro melhorou, melhorou a nossa confiança, e num troço sem quebras de ritmo, sem grandes retas, a cadência das notas a encaixar nas curvas resultou num gozo pleno! No final do troço comentávamos de imediato que aquele sim, tinha sido um troço como deve ser. Espetacular a condução e espetacular o comportamento da máquina. Não tão espetacular o meu desempenho pois cheguei ao final a transpirar a sério… mas valeu a pena! Brutal esta classificativa a bordo do Kia!
Em “Capela 2” baixamos perto de 7 segundo e meio, e senti-me novamente muito confortável nesta carrão, ao mesmo tempo que já consegui sentir outras sensações de corrida que na primeira passagem não tinha conseguido.
Seguiu-se nova incursão por “Rio de Moinhos” e aqui sim, foi espremer ao máximo aquilo que foi possível! Um ou outro ligeiríssimo excesso não trouxeram problemas para além de umas décimas perdidas, mas globalmente o carro agarrava-se muito bem ao chão e permitia acreditar na abordagem às curvas e às travagens. Foi neste troço que oficialmente dei por mim rendido àquele pequeno carro de 3 cilindros do qual todos falavam bem e que a mim me intrigava. Que grande Kia Picanto! Soberbo comportamento e não menos soberbo o conforto que proporciona, pois se o Cláudio nem se cansou e mal bebeu água, eu afirmei que naquele carro conseguia fazer um rali de 5 dias sem problema.
No final tudo correu lindamente, o Kia Picanto esteve irrepreensível, não deu qualquer problema, é super confortável e também super económico, o piloto esteve igual a si mesmo: eficaz, e eu diverti-me à grande neste fabuloso carrinho e ao lado do pilotaço que me convidou para mais uma experiência e a quem agradeço, tal como ao Luís Ferreira que esteve impossibilitado de ocupar o seu lugar como navegador e a quem fui substituir (obrigado Luis por não poderes fazer esta prova, assim safei-me eu!!).
Quanto a mim, não sei exatamente ainda quais os próximos desafios que terei pela frente mas certamente que andarei por perto dos automóveis pois esse é o combustível que nos corre nas veias e que nos faz bater o coração.
Bons ralis, em segurança!
Muito top👌um rali cheio de diversão e grandes "artistas" . Que venha o próximo para brilharem como sempre o fazem. Tau 💪
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