Este é o slogan que identifica a unica Viana do Castelo, ou simplesmente Viana... a minha Viana! E adapta-se perfeitamente ao que tentarei relatar nas próximas linhas que resumem (vou tentar ser resumido) aquilo que foi a minha sétima presença no Rali de Viana do Castelo.
Com falsa partida em Julho, quando o calor apertava e o Governo "cortava", veio a frustração de ver adiado aquilo pelo qual tanto esperei. Mas valeu a pena esperar. Mesmo se um rali em Novembro augura muita chuva, mesmo se um rali em Novembro provoca maiores receios, mesmo se...e se... e se...
Foi a primeira vez que disputei o Rali de Viana ao lado do mestre do volante José Carvalhido e, depois dos bons indicadores que trouxemos da prova anterior em Terras de Lafões, ambos apontávamos em uníssono para um mesmo objectivo: dar o nosso melhor para saldar a presença da Carvalhido Racing Team na prova rainha do nosso calendário numa palavra: sucesso!
Devo ressalvar o espetacular trabalho de bastidores feito pelos elementos desta família a que chamamos equipa na preparação do Peugeot 206, a primeira metade da palavra sucesso deve-se a eles!
Dia de reconhecimentos e eis que vamos à descoberta dos maravilhosos troços vianenses (à descoberta como quem diz...) e rapidamente tiramos duas conclusões:
1- o mau tempo dos últimos dias deixou marcas: água, lama, sujidade, condições "otimas" (ironia barata) para a prática da modalidade;
2- a inclusão do novo troço "Mujães / Geraz do Lima" nesta prova pecou por tardia. Que traçado magnifico! Desde Julho que já o sabíamos mas as mudanças feitas agora para Novembro vieram, na minha opinião, melhorar ainda mais aqueles cerca de 10 quilômetros de pura condução, coragem e adrenalina.
Terminados os reconhecimentos, restava só contar os dias, as horas, o minutos e os segundos até ao arranque desta festa à qual responderam (contas redondas) cerca de 100 equipas. Brutal!
Chegado o grande dia, com a partida bem cedo contrariamente ao habitual nisto dos ralis, a competição iniciava-se logo com o "tenebroso" Mujães. As humidades próprias da época, as baixas temperaturas e as tais marcas persistentes da intempérie recente deixavam-nos alerta e era importante jogar bem com os pneus. Na ligação, feita em modo descontraído (para tensão já chegava o que vinha a seguir), um sms alertava para aquilo que já suspeitava: "atenção, muito escorregadio, água na curva x, cautela no final". Ok, nada de alarmismos, vamos com juízo... mas a desfrutar.
3...2...1... vamos! O ritmo imposto pelo mestre Zé desde os primeiros metros era muito interessante e dava confiança mas logo nas primeiras curvas estavam as primeiras vítimas do infortúnio, apanhadas nas "teias" dos imprevistos. Serviu de chamada de atenção para não descurar a segurança e lá fomos devorando quilômetros num ritmo rápido até à primeira "chicane". Aqui, um "serrote" mais impetuoso ("leia-se, travão de mão) provocou umas belas imagens para a fotografia e o cronômetro riu-se. Mas nada de demasiado grave que não se resolvesse com o que veio a seguir.
E o que veio a seguir foi um ritmo endiabrado numa cadencia de curvas tão encadeada e rápida que dei por mim a "patinar" nas notas para conseguir acompanhar. Foi sempre a fundo onde dava para andar a fundo, e sempre com muita margem de segurança onde as condições do piso assim o exigiam. Adrenalina no máximo e o final desta classificativa aproximava-se rapidamente, com a nossa entrada "naquele pedacinho de Galiza" que eram os derradeiros quilómetros da pec, muito semelhantes ao que se encontra nos ralis galegos: mau piso, muita sujidade, estreito... adoro aquele final!
Tomada de tempos à vista e.. TAU! Estava concluído o primeiro troço com sucesso e com a adrenalina no máximo. Muito nos rimos com o que havíamos acabado de fazer... mas valeu a pena!
Seguiu-se a ligação para a segunda pec e mais um momento especial para mim: mesmo que em ligação, passar na minha freguesia Lanheses num carro de ralis durante uma competição tem um sabor especial. Lamento que as emoções vividas nos instantes anteriores e naquela passagem por Lanheses não me deixassem o raciocínio pensar em tirar uma foto para mais tarde recordar, mas ver tantos carros de competição ali parados "no meu quintal" fez-me recuar 22 anos atrás quando o saudoso Rali Casino da Póvoa teve também uma passagem por Lanheses com um parque de assistência.
Segunda classificativa do dia, a já bem conhecida "São Salvador / Amonde" e aqui as coisas eram diferentes. Se em Mujães deu para atacar, nesta era para ir à defesa, tal era a falta de aderência do piso, a sujidade, a humidade, tudo...
Sem forçar, curva após curva lá fomos desfrutando desta especie de passeio, apertando um pouco o andamento onde o piso o permitia e eis que, já muito perto do final, é-nos dado o alerta de GPS em vermelho: ou seja, classificativa parada. Mais uma vez, havia que manter bem presente que os pisos não estavam para brincadeiras, como o comprovou da pior forma a dupla Francisco Costa / Tania Machado.
Voltamos a Mujães e dou por mim a pensar: "Zé, na primeira pec vi-me aflito para te acompanhar, mas não me voltas a lixar (na altura o meu pensamento até usou outro verbo começado por F mas que não vou reproduzir aqui). Vamos a isto!"
Desta vez o ritmo foi ainda mais forte desde o início, salvaguardando a grande margem de segurança nas zonas mais problemáticas assinaladas nas notas. Curva após curva, quilómetro após quilómetro, o meu bravo piloto espremia as potencialidades do "leãozinho" branco ao máximo, aproveitando tudo da estrada num bailado ao qual as notas que eu ia debitando, serviam o ritmo na perfeição. Travagens no limite, curvas a fundo a acreditar, trajetórias milimétricas e o rugido do motor no auge a levar-nos até ao final desta brutal classificativa.
"Fantástico! Zé, tiramos quase 20 segundos, incrível, incrível!!" Se na passagem anterior a adrenalina ia ao máximo, nesta rebentou mesmo a escala. Devo confessar que há muitos anos que não saía de um troço com a típica tremideira nas mãos provocada pela explosão de adrenalina. E ali isso aconteceu! Se há troço que vai ficar na memória é este (e a tabela de tempos não desmente: oitavo melhor tempo na classificação geral do Promo). Faltam ainda agora os adjetivos mas... valeu mesmo a pena!
Assistência do meio dia para retemperar as forças, um Peugeot 206 completamente intacto e sem qualquer registo de anomalia, e siga atacar os troços da tarde.
Montaria, um troço bastante rápido e do meu gosto apresentava-se globalmente com boas condições e por isso não íamos baixar o ritmo. A partida a subir, em estrada larga e de bom piso servia de aquecimento até à rotunda para depois entrar "no carrossel" até ao final, numa sucessão de curvas rápidas, topos cegos a fundo, algumas travagens fortes e muito "acreditar" sem tirar pé. E assim foi, com alguns momentos de rodas no ar a refletirem-se continuamente na tabela de tempos de forma muito positiva.
Seguiu-se "Outeiro 1" e o seu início feito a fundo antes da entrada na aldeia, onde começava a maior diversão. Curvas muito encadeadas, fortes travagens, um salto (onde saltamos mesmo!) pelo meio e a segunda metade já mais rápida mas igualmente encadeada a ser o ponto forte da diversão neste troço.
Segunda ronda pelos troços da tarde, e já com o anoitecer à espreita as atenções tinham de ser redobradas pois a temperatura já havia baixado (isso nota-se no trabalhar dos pneus) e as humidades no chão estavam de novo a surgir.
Em "Montaria 2" voltamos a apertar o ritmo onde podíamos e sentíamos confiança para tal, segurando mais o carro naqueles pontos mais críticos (e que não eram muitos neste troço). Apesar de tudo, já perto do final mais um número artístico com a traseira a querer ver o que havia do lado de fora da curva... a marota. E mais uma vez o meu piloto a resolver (como o fez eu não sei, mas resolveu. Eu fecharia os olhos no lugar dele!). Classificativa concluída com sucesso e faltava só mais uma.
E se bem o pensamos melhor o fizemos. Sem correr qualquer risco e também sem "adormecer", percorremos a classificativa num momento que a mim particularmente me encanta: correr de noite tem outra mística, outra magia. E assim fomos sem sustos nem histórias para contar até ao final.
Explosão de alegria, sentimento de dever cumprido e sorrisos estampados nos nossos rostos. Que rali!!
É incrível reviver aqueles momentos todos (e é impossível relata-los de forma fiel neste texto). E pensar em todos os receios que antecediam o rali, no risco de neutralizações, no perigo do estado dos pisos. E no final tudo deu certo, sem um único troço anulado, numa prova sem qualquer atraso e na qual as muitas incidências foram resolvidas de forma tão eficaz que quase só deram por elas os protagonistas.
Final do rali, carro em parque fechado e um resultado bastante bom para a equipa:
11ºs classificados da geral no Promo
3ºs classificados na classe P1-2
Vencedores da Copa Legends - Grupo A
Carro intacto e sem qualquer mazela
Piloto e navegador radiantes com o conseguido
Staff da Carvalhido Racing Team satisfeito (e penso que até orgulhoso) pelo que conseguímos.
Não posso terminar esta já longa crônica (viram..? Dizia eu resumir...) sem endereçar os parabéns ao Clube Automóvel de Santo Tirso bem como à Câmara Municipal de Viana do Castelo pelo trabalho efetuado bem como a todos os elementos da segurança no terreno. Este rali foi fantástico a todos os níveis, uma verdadeira e digna festa de encerramento de temporada. Obrigado pelo vosso trabalho.
Parabéns também a todas as equipas que superaram o enorme desafio que foi a prova, e uma palavra de ânimo aos que ficaram pelo caminho.
Parabéns aos vencedores das várias competições em disputa, proporcionaram um belíssimo espetáculo.
E parabéns ao público que acorreu em grande número e nunca se cansou de apoiar, mesmo quando caiu a noite e o frio apertou. Vocês contribuíram para aquele momento magico!
Muotos parabéns, gostei de vos ver passar
ResponderEliminarObrigado
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