Decorria o ano de 2013 ainda nos seus princípios, quando o clima invernoso ainda não nos deixava vaguear livremente sem o acessório que na nossa ideia (apenas e só na nossa ideia) impede de nos molharmos – o guarda chuva.
Este início de temporada desportiva levou-nos até à vizinha Galiza onde se disputava o Rallye Serra da Groba num formato de dois dias. E se o primeiro dia se pautou por uma bonita tarde solarenga e início de noite fria, o segundo dia acordou chuvoso. Muito chuvoso! Ao ponto de não podermos desfrutar verdadeiramente da prova enquanto espectadores, tal era a descarga de água daquela manhã. E com estas condições, era inevitável que pela hora de almoço, altura em que o rali se concluía, regressássemos a casa com o sentimento de que “soube a pouco”.
E é nestes momentos que a loucura, paixão, fascínio (o que lhe queiram chamar) pelos ralis se sobrepõe: “e se fossemos diretos a Fafe? É início de época, deve andar lá alguém a testar..”
Mal o tínhamos pensado e já o estávamos a concretizar. Diretos da Galiza a Fafe, várias dezenas de quilómetros debaixo de um temporal, ensopados até aos ossos mas com a motivação de que iríamos encontrar equipas a testar… pelo menos essa era a certeza absoluta que sentíamos a caminho.
Chegados a Fafe, fomos diretos aos locais onde habitualmente decorre a ação: Lameira, Queimadela, Ruivães, Gontim…. E nada. Mas de repente, entre Lagoa e Aboim, uma carrinha de assistência, um reboque e alguns elementos a abrigarem-se do temporal na tenda. Era isto que procurávamos, foi por isto que fizemos alguns 150 quilómetros (ou mais).
Num ápice estacionamos e mesmo sem saber quem estava a rodar no troço, lá estávamos nós prontinhos a desfrutar, já que em Espanha não tinha sido suficiente.
Alguns minutos de espera e já se ouve o berro de um motor, algo abafado pela chuva e ao longe surge na curva o Peugeot 206 tripulado pelo Armindo Neves e pelo Bernardo Gusmão, quase submerso, tal era o estado do troço naquele dilúvio. Tanto que quando chegou à zona da assistência, o carro subiu direto para o reboque e o teste tinha terminado logo ali. Desilusão? Nada disso…
Em resumo, uma viagem de cerca de 2 horas e de cento e muitos quilómetros até Fafe serviu para ver um Peugeot de corridas a ser carregado no reboque, mas naquele momento sentia que tinha valido a pena a pequena loucura que foi esta viagem. Porque os ralis são isto, são loucura e paixão, uma paixão que nos leva a fazer coisas que para o senso comum não fazem o mínimo dos sentidos. E por isso estávamos ali, na terra dos ralis por excelência. E porque aquele bocadinho justificou a viagem, não porque tivesse sido um espetáculo de ver mas porque a razão que nos levou até ali não se explica; sente-se!
A foto não é a melhor das pouquinhas que fiz naqueles minutos, mas é talvez a que melhor retrata as dificuldades que o “São Pedro” nos colocou naquele dia e que hoje, passados quase 10 anos, orgulhosamente recordo… é preciso ser muito doido de facto!
Até breve!
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