A CRÓNICA QUE ESTEVE PARA NÃO O SER

Pensei muito no assunto antes de partilhar convosco as próximas palavras. Esta espécie de "croniquinha" pós Rali de Gondomar esteve para não existir e por uma razão muito simples: O Rali de Gondomar continua a ser o meu talismã da sorte com efeito invertido... pela 3ª vez consecutiva, o ponto final na minha participação foi demasiado próximo do ponto de partida. E assim, pelo meio fica tão pouco espaço que pensei muito em simplesmente não escrever por quase não ter o que escrever.

Mas decidi faze-lo. Porque as crónicas não têm de ser todas muito extensas, porque não têm todas de contar histórias bonitas e de final feliz. Esta mini crónica retrata em poucas palavras o que foi viver com expectativa o "antes" e levar com o "depois" assim de chofre nas fuças quando ainda nem estávamos quentinhos.

A preparação da temporada foi feita com uma boa dose de entusiasmo e motivação. A vontade de regressar ao cockpit do Peugeot e à agitação dos ralis é sempre muito grande na pré temporada e este ano isso não foi diferente.

Chegados a Gondomar, a contagem dos minutos para o arranque da prova era feito a conta gotas (nestas alturas o relógio tem sempre tendencia a bloquear) e para ajudar à festa, a Super Especial noturna de abertura do rali foi disputada em condições um tanto ou quanto estranhas... nem deu para saborear. Por isso era no dia seguinte que as esperanças estavam todas depositadas.

Boas notas, carro afinadinho, uma nova decoração porque os nossos patrocinadores e os adeptos merecem (nota-se um bocadinho de vaidade, não nota..? Não importa, gosto mesmo da decoração do Peugeozito!) um dia solarengo e agradável.... que melhores condições poderíamos desejar? Aqui vamos nós para a primeira pec. Arrancar com cuidado, adotar um ritmo cauteloso nas partes mais traiçoeiras e andar onde der para andar. Estratégia delineada. 3... 2... 1... Cá vai! Direita 2 com esquerda 2, calceta, saltos e pinchos por todo o lado, uma ou outra derrapagem e um primeiro gancho com abordagem conservadora. Seguimos com bom piso mas algo escorregadio, continuamos seguros e sem abusos até novo gancho. De novo uma postura conservadora e entramos em terreno que já conhecemos melhor. Atacar agora! Direita 3, com esquerda 3, e direita 5 para 200, esquerda 6 a fundo, vamossss! (não foi exatamente por estas palavras mas foi parecido).

E seguimos no nosso ritmo de progressão à medida que a adrenalina se apodera daqueles dois seres que vão lá dentro, conscientes de que não é para abusar mas é para melhorar.

E aqui entra a parte do "levar com o azar nas trombas". Sem que nada o fizesse prever, sem qualquer abuso que obrigasse a esforços extra, sem toques, cortes, ou qualquer outro tipo de falha, numa simples passagem de caixa oiço o Zé a cantar como se estivesse nas audições dos "Ídolos".... mas não gostei mesmo nada da musica... a letra dizia "partimos a transmissão" (e o Zé até nem canta por aí além!)...

Caramba... não havia necessidade... estávamos a gostar, vinhamos a curtir, as coisas vinham a resultar... desalento, frustração, desilusão e.... toca a levantar a cabeça! Há coisas bem piores, há desistências bem piores (força Zé e Otávio).

Carro carregado e rumamos a Viana do Castelo deixando para trás toda uma caravana a disputar um rali enquanto a Carvalhido Racing Team se dedicou a disputar um excelente almoço de convívio para reanimar a malta.

Os ralis são assim mesmo e o nosso Rali de Gondomar voltou a ser azarado. Venha o próximo que nós vamos ataca-lo com mais garra, mais vontade!

Até Famalicão... bom ralis mas em segurança!